Comida crua rejuvenesce e melhora a saúde

Interrompida pelo descobrimento do fogo, a dieta crua foi a única opção de cardápio durante 8 milhões de anos. Hoje ela retorna como uma solução para se ter uma vida mais saudável


O crudivorismo - ou alimentação viva - é um estilo de vida e uma opção saudável para ficar livre das doenças, desintoxicar o organismo e viver melhor, segundo seus adeptos. O grupo ainda compõe a minoria aqui no Brasil, porém tem crescido nos últimos anos devido a busca por mais saúde através da alimentação. Nesta dieta os alimentos não são cozidos e no cardápio não entra nenhum alimento de origem animal.

A regra do crudivorismo é consumir os alimentos na sua forma natural para que não se percam os nutrientes. Estudos mostram que os alimentos começam a perder suas propriedades nutritivas e seu aspecto natural desde o momento em que são colhidos. Quando levados à panela, frigideira ou qualquer tipo de recipiente para cozimento, o processo de perda é maior ainda. Os alimentos consumidos crus são ricos em enzimas, que são responsáveis por levar os nutrientes às nossas células. Segundo a teoria crudívora, se cozermos o alimento acima de 42°C, destruímos as enzimas que estão contidas na comida.

O Dr. Edward Howel, o primeiro pesquisador a estudar as enzimas, diz que a falta delas na comida cozida é uma das maiores razões do envelhecimento e morte precoce. E em suas pesquisas também afirma que a ausência dessas enzimas é a causa da maior parte das doenças. Segundo seus estudos, no momento em que o corpo se ocupa no trabalho da digestão de um alimento cozido, ele deixa de produzir outras enzimas essenciais para o trabalho do cérebro, coração, rins, músculos e tecidos.

Em uma entrevista para o jornal "A tarde de Salvador", o Dr. Alberto Peribanez Gonzalez, que é médico-cirurgião e cordenador do curso de extensão “Bases Fisiológicas da Terapêutica Natural e Alimentação Viva”, diz que "por ser altamente hipocalórica, enzimática e mineralizada, a dieta de vegetais vivos e orgânicos promove uma reestruturação do epitélio digestivo e das funções pancreática e hepática, além de adequada absorção e motilidade intestinal." O Dr. afirma também que ocorrem efeitos visíveis em nível neurológico e psíquico, aumento da imunidade, redução da inflamação do corpo e regeneração do sistema endócrino e osteomuscular. "O sangue equilibra-se, tornando-se menos viscoso, o que evita todas as doenças relacionadas ao coração. "A dieta hipocalórica (crua) é chave para o rejuvenescimento celular, prevenção do câncer e longevidade." finaliza Dr. Alberto.

Há seis anos Eduardo Corassa é adepto da alimentação frugívora e higienista: nela só entram frutas e legumes crus; diferente da crudívora, em que entram sementes e as frutas podem ser consumidas fermentadas, como no suco de uva por exemplo. Ele conta que no início o mais difícil foi a aceitação social, já que não se alimentava da mesma comida que era compartilhada em festas ou reuniões familiares. Com bastante estudo sobre o assunto escreveu livros e hoje é palestrante, ensina a culinária frugívera através de workshops, seminários e pelo seu site (saudefrugal.com.br).

Após mudar seu estilo de vida se alimentando de comida crua, Eduardo obteve mudanças na sua vida. "Desde minha performance física e mental, até nunca mais ficar doente, nem uma dor de garganta ou febre se quer, uma melhor autoestima, maior determinação e força de vontade, maior capacidade de concentração, aprendizado e melhoria na coordenação motora", diz ele.
Eduardo acredita que a melhor maneira de adentrar no estilo crudivorista é se educar devidamente no assunto, pois algumas das dietas cruas incluem quantidade exagerada de gordura através de óleos, sementes e castanhas. "Vejo que praticamente todas as pessoas que adotam o crudivorismo e se focam em frutas e vegetais conseguem facilmente se manter na dieta" conta Eduardo.

E para quem reclama de falta de opções, o primeiro restaurante crudivero do Brasil foi aberto em São Paulo em fevereiro de 2008: Deloonix foi aberto no centro da cidade, tendo como destaque a cozinha sem fogão. Lá o cardápio é bem variado e pratos como a lasanha com massa de abobrinha e o queijo de castanha de caju, shitake, molho marinara e rúcula, não saem da cozinha com mais de 42 graus de temperatura.


( Brownnie frugívoro: base de amendoas e damascos com recheios de cereja, uva, acerola, jabuticaba, pitanga, coco, kiwi, manga, pêssego, morango, goiaba e mamão.) Foto: www.menuvegano.com.br

Daniel Peres