Os buracos gigantes nas rochas vão abrigar as turbinas da casa de força principal de Belo Monte
Crédito Letícia Leite - ISA |
Edicléia Oliveira
A construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Pará, já ultrapassou os limites dos recursos econômicos e socioambientais racionalizados por uma nação. O valor do projeto já passa dos R$ 30 bilhões podendo sofrer aumento até o fim das obras.
Primariamente o orçamento do projeto foi avaliado em R$ 16 bilhões, leiloado em 2010 por R$ 19 bilhões e financiado por R$ 28 bilhões. Até agora, apenas 30 % das obras civis estão concluídas. Interrupções como as 15 invasões indígenas e 16 dias de greves dos trabalhadores resultaram no atraso em pelo menos um ano de acordo com seu cronograma que estabelecia o início das operações para dezembro de 2014. Esse atraso pode levar a concessionária a perder R$ 4 bilhões em receita.
Os números assustam qualquer um, mas a despeito do custo benefício, a persistência do governo na construção da terceira maior hidrelétrica do mundo com capacidade questionada de 11.233 megawatts (MW) não passa de um circo sem entrada franca.
Os verdadeiros números reais são os impactos econômicos no bolso do trabalhador para custear os 22 mil trabalhadores envolvidos na construção da hidrelétrica, os lucros estrondosos das empresas ao final do empreendimento, sem falar nos danos socioambientais que essa cicatriz causará nas cerca de 12 mil famílias, das 24 etnias que deverão sair da bacia do Xingu, além das 372 espécies de peixes, fauna e flora que jamais se regenerarão.
O Ibama multou o consórcio Norte Energia, responsável pelas obras em R$ 7 milhões por não cumprir as exigências estabelecidas na concessão da licença para instalar os canteiros de obras. Apenas 49% das exigências ambientais estão adequadas, podendo ser suspensa a licença ambiental e conseguintemente a paralisação desse buraco sem fundo. Mas como todos sabem isso não vai ocorrer, porque índio não tem voz no palanque, mas bandido tem.