Edições de imagens permitidas pelo aplicativo são elementos para usuários se considerarem fotógrafos profissionais
Filtros, efeitos e compartilhamentos de fotos via redes
sociais. O Instagram, aplicativo que permite fotos se adequarem ao estilo
Polaroid, é alvo de discussões entre fotógrafos do mundo. Muitos usuários do
app julgam-se fotógrafos profissionais apenas por utilizar a plataforma. A rede
social, criada em outubro de 2010 pelo norte-americano Kevin Sytrom e o
brasileiro Mike Krieger, gerou discussões posteriormente a popularização do
dispositivo.
Inicialmente, o aplicativo era disponibilizado apenas pelo
sistema operacional iOS (App Store). Após o crescimento do Instagram, a rede
social foi introduzida ao sistema Android (Play Store). A popularização do app
despertou amor e ódio entre usuários pela exclusividade em que os dispositivos
Apple consistiam.
O professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo
(Unasp) Kenny Zukowski, coordenador do grupo de estudo de fotografia e imagem
da instituição, acredita que esse comportamento é um ressentimento do público
que cultua a Apple. “A popularização é o novo conceito da evolução da
fotografia digital”, afirma. Ele comenta que através desse desenvolvimento, os
fotógrafos devem acompanhar a evolução e se destacar.
Os fotógrafos estadunidenses Bobbie e Mike Belschner acham a postura um absurdo. O casal acredita
que os profissionais instagramers podem usar a rede com muita competência,
entretanto, o conhecimento do aplicativo não os torna profissional. “A compra
de um pedaço de software não faz de você um profissional em qualquer coisa”,
opinam.
Para o fotógrafo Joel Silva, do jornal Folha de S. Paulo a
fotografia está em constante evolução e os fotógrafos têm de absorver o
desenvolvimento das plataformas e canalizar ao seu trabalho. Ele acredita que
os usuários não são profissionais, mas amadores. “Não dá para fugir. O
Instagram é a radicalização das ferramentas de imagens e o fotógrafo
profissional deveria utilizar o app para a divulgação do seu trabalho”, pontua Silva.
Ele ainda critica que muitos fotógrafos julgam ter conhecimento sobre todas as
coisas relacionadas à fotografia, quando na verdade tem receio de coisas novas.
Nos Estados Unidos a discussão não é diferente. A fotógrafa
norte-americana Caressa Rogers acredita que o Instagram é uma ótima maneira de
praticar a captura de vida ao seu redor e compartilhar essas imagens com o
mundo, porém salienta que não significa que o usuário é fotógrafo profissional
se nem mesmo fotografa uma imagem no modo manual em uma DSLR. “Existe uma
enorme diferença entre o simples processo de fotografia Instagram (tocando a
tela para tirar uma foto e aplicar um filtro aleatório) e o pensativo trabalho
artístico deixar para trás executando uma foto com uma DSLR”, argumenta Caressa.
Gabriela Vizine