É fato que por cerca de cinco séculos as injustiças têm sido uma marca registrada de nosso país e com o passar dos anos pouco tem sido mudado, inclusive
as formas que nossos governantes encontraram para tentar reparar o irreparável.
Muitas ações dos governantes podem ser questionadas por não serem claras o bastante ao mostrarem suas reais intenções em relação às pessoas que serão favorecidas com as benesses de corações que adoram fazer caridade com o dinheiro de outros.
Cria-se bolsa família, para "tirar o povo
da miséria", sem em momento
algum oferecer a esse mesmo povo uma condição digna de trabalho e moradia.
Abre-se precedente para que pessoas - de caráter
duvidoso - afirmem que tais beneficiários não se darão ao trabalho de procurar por
uma melhor condição de educação e conseqüentemente de trabalho caindo no
ostracismo.
Empurra “goela abaixo” um sistema de cotas - na educação - dizendo que isso é para reparar todas as injustiças cometidas contra as pessoas escravizadas, cujas como em um aborto, foram arrancados de sua sociedade para serem tratadas como animais. Estes não se preocupam em oferecer ensino de qualidade desde os primeiros anos de cada cidadão brasileiro. O que cria uma nova forma de segregação, a do branco que nasceu nas mesmas condições das dos negros, fazendo destes indignos de qualquer mérito.
Atira contra o peito da sociedade a Comissão Nacional da Verdade (CNV), que investiga crimes cometidos
durante a ditadura militar. Não sou e nunca serei contra
investigação alguma - desde que realmente
haja apuração e que todos os envolvidos
recebam o mesmo tipo de tratamento. Não apenas os "gatos
pingados" que ainda vivem e já constam em praticamente todos
os documentos, jornais e revistas até hoje publicados.
A CNV não mostrou ou mostra em momento
algum a intenção de noticiar quem estava do
outro lado, aqueles chamados de "subversivos" - pessoas que também defendiam suas causas. Fossem suas intenções boas ou ruins, cometeram violências iguais ou piores as dos militares. E os que talvez
tenham sido os piores entre todos, os financiadores dos "anos de
chumbo" (empresários e políticos, hoje tão vivos quanto à carne das feridas abertas nos peitos dos familiares que choram por seus
amados, sem o direito de velá-los).
Existem
aqueles que se esbaldam no mar de noticias geradas pela CNV. Noticias não tão novas. Sim, falo da
imprensa. Quantos jornalistas marcaram presença
dos dois lados? Quantos meios de comunicação ganharam vida graças a favores prestados e hoje são o que são, graças ao sangue dos "subversivos" e militares e até mesmo de colegas de profissão?
O Brasil
está repleto de remendos, que não sabemos se algum dia serão
substituídos pela verdadeira justiça, aquela que olha para todos, como iguais perante a lei e
com o respeito merecido por todos.
Eddie Roger