Universitários sabem que dormir é importante, mas não colocam em prática

Que as pessoas estão dormindo cada vez menos não é novidade para ninguém. A noite, que antes era sinônimo de descanso e sono, agora significa para alguns produtividade. Desde o invento da luz elétrica e mais ainda com a chegada das tecnologias digitais, as pessoas têm dormido cada vez mais tarde e cada vez menos. No entanto, o curioso é que mesmo sabendo dos malefícios que a falta de sono causa à saúde, ainda tem muita gente que prefere abrir mão dessas horas e fazer da madrugada um horário como qualquer outro horário do dia.
O uso de computadores e aparelhos eletrônicos interfere
no ciclo do sono.    

Para Isadora Stentzler, 20, dormir é um problema sério. Ela dificilmente dorme mais de seis horas por dia. Em algumas noites dorme três, noutras quatro, ou mesmo nem dorme. “Eu diria que sou uma zumbi fora dos quadrinhos”, brinca.Isadora percebe, de diversas formas, o seu desempenho afetado durante o dia por causa de uma noite mal-dormida. Ela conta que sua mente se esgota enquanto está acordada até tarde para produzir algo e no dia seguinte não consegue usar todo o seu potencial em alguma atividade.“Já dormi em escrivaninhas, me encostei a um computador, dormi em cima de livro... E não era por preguiça, era por cansaço mesmo”, enfatiza.

O dia para a Larissa de Vasconcelos, 24, começa por volta das 6h50. Mas somente às três horas da manhã é que ela vai dormir todos os dias. Seu tempo é dividido com estágio no período da manhã, horas de estudo à tarde, faculdade à noite e de 23h00 às 3h00 ela trabalha na recepção do residencial feminino do Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo). Segundo ela, seu desempenho durante o dia é afetado, pois além de ter muito sono, alguns dias ela perde os horários das refeições por estar dormindo, na tentativa de completar suas horas de sono. “Por vezes quando tento dormir em horário normal não consigo, além também de tudo isso afetar minha alimentação e, principalmente, minha saúde.”

Assim como Larissa, Isadora também se preocupa com a questão de estar dormindo tarde e poucas horas por noite. Mas, segundo ela, a dificuldade de largar esse hábito é grande. “Eu tenho a impressão que devo ficar acordada para aproveitar o máximo de tempo, ou quando tenho algo para fazer não quero parar até terminar. Já fiquei mais de 40 horas sem dormir tranquilamente”, admite.

Rotina agitada é uma realidade na vida de grande parte dos universitários. E isso se torna motivo para dormir pouco: são tantas tarefas para serem cumpridas, que a noite acaba sendo prejudicada. Rafael Silva, 29, conta que antes de entrar na universidade ele costumava se deitar às 22h. Depois, o hábito de dormir tarde foi sendo adquirido de forma gradual. “No início eu chegava em casa por volta das 23h, fazia um lanche enquanto assistia TV e deitava lá pela meia-noite. Com o tempo, me acostumei com a nova rotina e, sem perceber, ficava até duas da manhã acordado fazendo trabalhos ou mesmo assistindo televisão”, lembra.

Cley Medeiros também é um dos adeptos à rotina de dormir tarde. Ele conta que nos finais de semana se preocupa um pouco mais com essa questão, mas, durante a semana, com a correria do dia-a-dia, fica difícil ter outra rotina. O efeito de tudo isso, Cley sabe bem qual é. “Fico cansado muito rápido e tomo muito café, o que me deixa mais ansioso para acabar o dia”, explica.

Apesar de em alguns casos a noite ser uma extensão das atividades diárias, em outros ela é mesmo uma escolha. E essa preferência pelo período noturno pode ser explicada, segundo a psicóloga Vera Lellis, pelo hábito e ciclo de sono de uma pessoa. “Tem pessoas que só conseguem ser atraídas pela noite”, comenta.

Isadora, por exemplo, sente que a noite é bem mais produtiva para o estudo do que o dia. No entanto, por saber que o hábito não faz bem à sua saúde, ela comenta que adoraria mudar a rotina e conseguir dormir melhor. “Penso, esquematizo ideias... Até repito para mim mesma ‘hoje vou dormir cedo!’. Mas mesmo quando o meu tempo está livre, leve e solto, eu acho algo pra fazer”, reconhece. Ela lembra que em uma noite que era recesso neste ano, ao invés de dormir ela virou a noite vendo filme, documentário e lendo livro.“Sem metas ou prazos, espero melhorar, só não sei quando”, admite.

Mesmo diante de tantas informações sobre o prejuízo em ir dormir tarde, na prática a teoria é outra. As exigências do cotidiano dos jovens universitários são muitas e, por isso, a madrugada acaba sendo uma alternativa para terminar tudo o que se tem, para fazer no dia. Rafael ainda não desistiu de algum dia se organizar melhor quanto a isso. “É importantíssimo ter uma rotina de sono correta. Quando concluir a faculdade, pretendo botar em dia meu relógio biológico”, revela. A maior preocupação de Isadora é com o fato de ela ser jovem e estar nesse ritmo diferente.“Imagina quando for mais velha! Os velhos já não tem o hábito de dormir muito... Acho que virarei um zumbi de verdade”, brinca.

Deborah Calixto

1 comentários:

  1. A pauta é boa e o texto está bem escrito. Só senti falta de ter mais intervenções de especialistas. Foram muitos personagens e poucos profissionais da saúde. Karla

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